Bônus milionários e aumento em salários: a guerra por talentos em inteligência artificial na Europa


Para manter seus funcionários, a Google DeepMind deu milhões de dólares em ações para um grupo de pesquisadores sêniores. A empresa quer impedir que funcionários saiam para rivais ou criem seus próprios negócios. Empresas como a Google DeepMind agora precisam pagar muito para reter seus profissionais
Jernej Furman/Flickr via Wikimedia Commons
Investimentos de startups de inteligência artificial (IA) esquentaram a disputa por talentos na Europa. Empresas já estabelecidas como Google DeepMind agora precisam escolher entre pagar muito ou perder os seus melhores profissionais na região.
A batalha cresce à medida que investidores injetam mais dinheiro em empresas de IA na tentativa de descobrirem o próximo sucesso da noite para o dia na área, como aconteceu com o ChatGPT, da OpenAI.
Algumas empresas estrangeiras de IA – incluindo as americanas Anthropic e OpenAI e a canadense Cohere – abriram escritórios na Europa em 2023, aumentando a pressão sobre as empresas de tecnologia que já estão tentando atrair e reter talentos na região.
A DeepMind, criada em 2010 e comprada pelo Google em 2014, ficou conhecida por aplicar IA a tudo, desde jogos de tabuleiro até biologia estrutural. Agora, enfrenta rivais bem financiados, além da saída de funcionários que pretendem lançar seus próprios negócios.
Em um esforço para reter funcionários, a DeepMind deu a um grupo de pesquisadores sêniores acesso a ações restritas no valor de milhões de dólares, no início deste ano, segundo uma fonte familiarizada com o assunto.
“É um espaço competitivo, com certeza”, disse um porta-voz da DeepMind à Reuters, acrescentando que a empresa “continua a se sair bem na atração e no desenvolvimento de talentos”.
As recentes saídas da DeepMind incluem seu cofundador Mustafa Suleyman, que criou a Inflection AI ao lado do bilionário do LinkedIn Reid Hoffman, e o cientista Arthur Mensch, hoje presidente-executivo da Mistral AI.
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Salário competitivo
Houve um “aumento exponencial” na remuneração de funcionários de alto escalão das empresas de IA no Reino Unido no último ano, de acordo com a empresa de busca de executivos Avery Fairbank.
“A entrada de gigantes estrangeiros de IA, como Anthropic e Cohere, no mercado londrino acirrará ainda mais a competição por talentos de IA”, disse Charlie Fairbank, diretor administrativo da Avery Fairbank.
Executivos com salários anuais de cerca de 350 mil libras (R$ 2,2 milhões) viram suas remunerações saltarem entre 50 mil e 100 mil libras (R$ 320 mil a R$ 640 mil), segundo ele.
A Cohere, que projeta chatbots e outras ferramentas, contratou Phil Blunsom, pesquisador líder da DeepMind por sete anos, como seu cientista-chefe em 2022. Sebastian Ruder também se juntou à Cohere vindo da DeepMind em janeiro.
“É raro encontrar uma empresa que esteja construindo um grande negócio do zero, com muitas das principais mentes do setor”, disse ele à Reuters. “Quando esse tipo de chance aparece, você aproveita.” Ruder se recusou a comentar quando questionado sobre seu salário.
Ekaterina Almasque, sócia geral da empresa de capital de risco OpenOcean, disse que a DeepMind não é mais a “líder distante no campo”.
“Todas essas empresas estão competindo pelo mesmo grupo de talentos e, com a escassez de habilidades em IA, isso é cada vez mais um lago do que um oceano.”
Suleyman começou recentemente a recrutar uma equipe técnica baseada em Londres para a Inflection AI, enquanto a Mistral, de Mensch, tornou-se rapidamente uma das startups mais badaladas do continente, levantando US$ 415 milhões (R$ 2 bilhões) em financiamento em dezembro.
A Mistral não quis comentar e a Inflection não respondeu a um pedido de comentário.
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