Carro elétrico precisa de autorização para carregar em casa? É seguro?

O mercado de veículos elétricos no Brasil vive o seu melhor momento. O primeiro semestre de 2023 bateu recorde para o período, com 32.239 novos emplacamentos, um crescimento de 58% em relação a 2022, segundo a ABVE (Associação Brasileira de Veículos Elétricos).

Os números são animadores para as fabricantes – em meio a chegada da chinesa BYD ao país, que prevê produzir os carros elétricos com 100% de produção local. Contudo, para os consumidores, existe uma série de questões a ser analisada antes de desembolsar no mínimo cerca de R$ 150 mil num veículo do tipo, como: dá para carregar a bateria deles nas tomadas de três pinos de casa/garagem?

A resposta é sim, mas depende. Tilt mostra o que você precisa saber antes de plugar o carro na tomada para não ter dor de cabeça.

1. Conhecendo a instalação elétrica

Antes de comprar um carro, é recomendável que o consumidor tenha em mãos informações sobre a capacidade de tensão, voltagem e amperes das tomadas da instalação elétrica da residência ou do condomínio onde o veículo será carregado.

É a partir disso que se torna viável saber se o imóvel suporta o carregamento das baterias do carro, que tem em sua ficha técnica as especificações sobre a capacidade demandada de energia.

“Se você vai comprar uma caminhonete, você precisa saber se vai caber na sua garagem. Com o carro elétrico é assim. Você precisa primeiro saber as condições de sua casa para saber se dá para carregar lá ou não”, ressalta Paulo Roberto Maisonnave, diretor-presidente da Enel X Way, empresa de mobilidade elétrica do Grupo Enel.

É preciso de um eletricista certificado para saber a necessidade do próprio carro em comparação com a tensão elétrica de capacidade da casa. Paulo Roberto Maisonnave, diretor-presidente da Enel X Way

2. Precisa de autorização?

O Brasil não tem legislação que obrigue o consumidor a pedir autorização da distribuidora. Contudo, é importante que a concessionária que fornece energia em sua cidade seja avisada, já que a demanda de energia que o imóvel vai necessitar durante os processos de recarga da bateria do carro elétrico será maior.

Isso, claro, se você a residência tiver a capacidade compatível para a recarga, como orientado no item 1.

“Não precisa de permissão, o carregador do carro nada mais é do que outro equipamento que consome energia. É como se fosse mais um ar-condicionado, por exemplo”, explica Eduardo Sousa, diretor de infraestrutura da Associação Brasileira do Veículo Elétrico.

Apesar do aviso à concessionária, a empresa de distribuição não é obrigada a enviar um profissional para saber quanto de energia a mais será demandada no imóvel. Isso deve ser contratado a parte pelo consumidor.


3. Que tipo de carregador usar?

Existem dois tipos de carregadores para os veículos elétricos. O portátil e o de parede, chamado de wallbox.

Portátil: tem a praticidade de ligar diretamente na tomada de três pinos, porém não se torna vantajoso por demandar de pelo menos 24 horas para carregar uma bateria de carro. Nele, é necessário ainda saber a amperagem da corrente da tomada para regulá-lo de acordo com a potência de energia.

“No caso do portátil, eu tenho uma limitação de potência na corrente. O máximo não pode ser superior a 10 amperes. O tempo de carga numa tomada é bem superior a 24 horas. O que nós sugerimos é que se utilize o portátil apenas em situações emergenciais”, recomenda Sousa.

Wallbox: tem a vantagem de carregar o veículo em até seis horas, mas para isso é preciso de um profissional para instalá-lo no quadro de energia da casa, puxando uma fase específica para o carregador, além de acoplá-lo na parede.

“Tem quer ser alguém certificado para a instalação a não ser que o consumidor seja habilitado para isso. É como se fosse instalar um ar-condicionado, que precisa de profissional para furar parede, instalar uma fase para o equipamento e saber se está passando corrente”, acrescenta Maisonnave.

4. 110v ou 220v: qual corrente usar para carro elétrico?

Segundo Sousa, o veículo elétrico pode ser plugado tanto em 110v ou 220v. “Praticamente todos os carros do mercado aceitam todos os tipos de ligação, e geralmente o veículo já vem com esse aviso.”

Maisonnave, contudo, orienta usar 100v apenas para “casos extremos”, pois ele destaca que é preciso ter uma tomada de pelo menos 220v para carregar o carro com mais segurança. O serviço de instalar uma tomada com nova voltagem é feito por profissionais habilitados.

Estação de carregamento de carro elétrico - iStock - iStock

Estação de carregamento de carro elétrico

Imagem: iStock

5. Tem chance de curto-circuito?

As baterias dos carros elétricos são seguras, assim como o carregamento diretamente nas tomadas, segundo a ABVE. Apesar disso, a recomendação é dedicar um quadro de energia — local onde ficam os disjuntores – exclusivo ao carregador ou pelo menos ligá-lo no quadro geral do imóvel, mesma medida de prevenção que tomamos para chuveiro e ar-condicionado, que possuem disjuntores próprios.

“Quadro de proteção impede qualquer problema. Com ele dá mais segurança, impedindo correntes de fuga e protegendo completamente qualquer erro ou funcionamento no carregamento do carro ou na energia da casa”, orienta Maisonnave.

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