Veja quais os dados dos seus filhos podem estar expostos nas redes

Uma foto com emojis escondendo os rostos das filhas mais velhas de Mark Zuckerberg, CEO da Meta (dona do Instagram, Facebook e WhatsApp), reacendeu recentemente o debate sobre os riscos da exposição de crianças e adolescentes nas redes sociais.

A atitude, tomada pelo próprio executivo, chefe das principais plataformas sociais em funcionamento no Brasil, também levantou outra questão: o que é feito com os dados dos seus filhos nessas redes?

Tipos de exposição

Há ao menos quatro maneiras de os dados e imagens das crianças e adolescentes ficarem expostos nas redes sociais. São eles:

Sharenting. Termo dado à prática em que os pais/responsáveis legais compartilham e divulgam fotos, vídeos e informações sobre seus filhos na internet. Apesar de parecer uma forma inocente de registros familiares, o sharenting alerta para o cuidado ao divulgar imagens que possam revelar detalhes sobre a vida cotidiana, hábitos, locais frequentados e outras informações pessoais de crianças e adolescentes que possam colocar em risco a segurança deles.

Identificação em postagens de terceiros. Mesmo que uma criança ou adolescente não tenha uma conta em uma rede social, eles ainda podem ser identificados em postagens feitas por outros usuários, como familiares ou colegas de escola.

Perfis. Se uma criança ou adolescente tiver um perfil público em uma rede social, suas informações pessoais, como nome, localização e fotos, podem ser acessadas por qualquer pessoa na internet. Em caso de perfil fechado, apesar dos dados não serem acessados por outras pessoas, eles são coletadas pela plataforma utilizada – processo autorizado por eles assim que criaram login e senha, através dos Termos de Uso.

Interações em grupos e fóruns. Crianças e adolescentes podem participar de grupos, fóruns ou comunidades online em redes sociais. Nessas interações, eles podem compartilhar informações pessoais ou revelar detalhes de suas vidas, mesmo sem perceber os riscos envolvidos. Por isso a orientação dos especialistas é que o uso seja monitorado por adultos responsáveis.

Redes sociais não são para crianças

Tanto o Facebook quanto o Instagram explicam em sua Política de Uso e Privacidade que é preciso ser maior de 16 anos para criar uma conta nas plataformas — alguns países exigem 18 anos. E que, para esse público, as políticas de segurança são diferentes dos demais. Elas incluem:

Conta privada no Instagram: Se você for menor de 16 anos (ou 18 em alguns países) e se inscrever no Instagram, sua conta será automaticamente definida como “Privada”. É possível mudá-la para “Pública”, mas recomendamos mantê-la “Privada” para compartilhar somente com as pessoas que você aprovar, diz a empresa.

Escolhas no Facebook: Sempre que você publicar uma atualização de status, foto, vídeo, reels ou story no Facebook, poderá escolher com quem compartilhar. Também é possível escolher quem verá sua lista de amigos, as publicações nas quais alguém marcou você e muito mais. Os adultos também têm esses controles, explica a companhia.

Já o WhatsApp, em sua Política de Privacidade, diz que o aplicativo pode ser usado por adolescentes a partir de 13 anos. A plataforma não detalha se há um tratamento (coleta, processamento e armazenamento) diferente para os dados de menores de 18 anos.

O que a Meta sabe sobre seus filhos?

Ao fazer o cadastro em uma rede social (seja da Meta ou não), diversos dados são coletados pelas plataformas, alguns exemplos comuns são: localização do usuário, histórico de navegação na internet e até o que você comprou enquanto estava conectado.


Todas as informações de quais dados são coletados e como eles podem ser usados pela empresa precisam estar descritos nos Termo de Uso e Política de Privacidade, segundo regras da LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados).

Muitas informações, entre elas a de localização, são usadas para oferecer propagandas personalizadas para os usuários. Então é importante saber que seus filhos poderão ser impactados por anúncios direcionados a respectiva faixa etária.

“Usamos as informações que temos para fornecer e aprimorar nossos produtos. Isso inclui a personalização de recursos e de recomendações como o Facebook, o Feed do Instagram, o Storie e os anúncios”, descreve a Meta, em sua Central de Privacidade.

Instagram e Facebook podem coletar:

  • O conteúdo criado, como publicações, comentários ou áudios.
  • O conteúdo fornecido por meio da câmera do dispositivo (para integrar máscaras, filtros, avatares e efeitos, por exemplo), das configurações do rolo da câmera ou dos recursos habilitados para voz.
  • As mensagens enviadas e recebidas, incluindo o conteúdo, sujeitas às leis aplicáveis. “Não podemos ver o conteúdo de mensagens criptografadas de ponta a ponta, a menos que os usuários as denunciem para análise”, diz a Meta.
  • Os metadados (informações associadas ao registro) sobre conteúdo e mensagens. Ao tirar uma foto, por exemplo, a data e a localização do local são salvas como metadados.
  • Os tipos de conteúdo que a pessoa vê ou com que interage e o modo como faz isso. Anúncios também.
  • Os aplicativos e recursos usados e quais ações a pessoa realiza neles.
  • As compras ou outras transações financeiras.
  • Hashtags usadas.
  • O horário, a frequência e a duração das atividades dentro dos produtos da Meta.

WhatsApp pode coletar:

  • Dados pessoais como nomes e número de telefone.
  • Modelo do aparelho utilizado (como celular da marca X com o sistema operacional Y).
  • Número de IP (espécie de endereço virtual do dispositivo que acessa a internet).
  • Dados de transações e pagamentos.
  • Localização.
  • Informações de como você interage com outras pessoas durante o uso do app.
  • Informações sobre “visto por último”.

Evitar a exposição excessiva é o melhor caminho

A primeira recomendação começa pelos próprios pais, evitar o sharenting é fundamental. Embora possa parecer uma forma inocente de compartilhar momentos familiares, o sharenting pode apresentar riscos para a privacidade e segurança das crianças e adolescentes Alex Gomes da Silva, professor de Ataque e Defesa Cibernética da Faculdade Impacta

Além disso, os especialistas afirmam que é necessário que pais e responsáveis passem a conversar com as crianças e adolescentes sobre os perigos das redes sociais e da exposição de dados que acontece devido ao cadastro nessas plataformas e em sites.

É importante que o adulto avalie a necessidade de preencher os dados solicitados nos formulários e todas as informações que estão sendo solicitadas e mostre isso à criança. Muitas vezes existe obrigatoriedade, mas sem qualquer checagem ou validação, nesses casos basta colocar XXXX ou 0000 no campo ao invés de inserir uma informação
Gabriel Rimoli, gerente de contas estratégicas da NetSecurity Brasil, empresa de segurança da informação

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