há reclamação, mas fim da pirataria é oportunidade, diz Roku

Tênis, roupas, relógios, bolsas, canetas, eletroeletrônicos, notícias, filmes, séries. A lista de produtos e serviços falsificados ou que chegam até nós, consumidores, de maneira ilegal é enorme e —a parte desoladora— não para de crescer. Muitos consomem produtos de origem incerta ou ilegítima por desconhecimento. A maioria faz isso pelo simples desejo de ter acesso a algo por um preço menor do que pelo que está disponível.

Como esse desejo nunca vai cessar, vamos partir do princípio que produtos e serviços piratas vão sempre existir. Na indústria do streaming não vai ser diferente, e essa cadeia ilegal ficou ainda mais exposta com a operação da Anatel contra a pirataria, deflagrada no início do ano. Além da retirada do mercado de milhares de set up boxes sem certificação de centenas de “marcas”, que chegam ao país sem origem ou aqui são fabricados e distribuídos em grandes centros comerciais, a agência também anunciou o bloqueio do sinal de sites de conteúdo que oferecem conteúdo de forma ilegal.

Foi uma ação corajosa e comemorada, porque, embora a sensação seja de enxugar gelo, é preciso dar o primeiro passo nessa batalha. Os consumidores de pirataria vão reclamar, mas estão diante de uma grande oportunidade: sair da ilegalidade e passar a consumir conteúdo que alimenta e impulsiona uma indústria que gera empregos e impostos e reúne um grande número de setores. Do produtor de hardware, como a Roku, que fabrica em solo brasileiro dois dispositivos de streaming, ao produtor de audiovisual, que está na outra ponta investindo pesado e carregando consigo uma engrenagem muito maior do que o que vemos na frente das câmeras.

Do ponto de vista da experiência, esse consumidor vai receber um conteúdo de qualidade, com segurança e privacidade. Ou seja, ao comprar um equipamento legal ou assinar um serviço oficial, não vai dividir seus dados bancários sabe-se lá com quem nem levar para dentro de casa possibilidades de ter seus dados pessoais sequestrados, dispositivos como celular e computador infectados por vírus ou hackeados. Vale a pena passar por isso?

roku - Divulgação/Roku - Divulgação/Roku

André Romanon é country manager da Roku Brasil

Imagem: Divulgação/Roku

Esse cliente, ao contrário, vai ter ao alcance dos dedos, entretenimento e informação de primeira sem se expor, e ainda vai contribuir para a saúde de toda essa cadeia, que, certamente, também passa por ele próprio. Segundo dados da Confederação Nacional da Indústria (CNI), a pirataria como um todo impede a criação de 1,5 milhão de empregos por ano no Brasil.


A pirataria no país é endêmica, mas assim como aconteceu em mercados mais maduros, que a combateram e viram-na reduzir drasticamente, existe saída. O crescimento dos canais suportados por anúncios, os AVOD na sigla em inglês, oferecem ao consumidor uma gama impressionante de filmes e séries grátis, sem a necessidade de fazer login ou deixar o cartão de crédito e quaisquer outras formas de pagamento. Medidas impopulares como a tentativa de frear o compartilhamento de senhas dos serviços por assinatura são necessárias e esperamos que sejam mais uma frente nesta luta.

A exemplo do movimento feito há alguns anos no mercado fonográfico global, que ao baratear e deixar músicas acessíveis em plataformas específicas praticamente extinguiu a pirataria, podemos continuar investindo em ações conjuntas e articulando, em conjunto com a Anatel e outros órgãos relacionados, políticas públicas para tornar cada vez mais perigoso e desnecessário o hábito de consumir pirataria.

*Country Manager da Roku Brasil, possui mais de 20 anos de experiência no segmento de tecnologia e televisão, estando à frente da área de produtos em empresas como Sony e TPV. Integrante da Roku desde 2020, ano em que a empresa chegou no Brasil, é responsável pelo desenvolvimento e expansão dos negócios da plataforma no país

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