Técnica de impressão 3D produz tecido humano para testes de cosméticos

Os novos rumos da pesquisa levaram aos métodos de produção da pele por bioimpressão, desenvolvidos com especialistas da Universidade de São Paulo (USP) e da Natura e descritos em um artigo publicado em março de 2019 na revista científica International Journal of Advances in Medical Biotechnology.

?Inicialmente produzíamos peles maiores, com o dobro de diâmetro, mas as empresas e os centros de pesquisa preferem tecidos menores, em maior quantidade e com menor custo para os testes de toxicologia?, conta a bióloga Gabriela Gastaldi, pesquisadora da 3DBS.

Os tecidos de fígado ainda são produzidos manualmente com células importadas e do banco do RJ, mergulhadas em uma solução de agarose e depositadas em moldes com 81 orifícios. Após cinco dias na incubadora, as células se aglomeram formando agregados circulares de células, os chamados esferoides, com cerca de 300 micrômetros (µm) de diâmetro, visíveis a olho nu.

Como a venda desses tecidos pela empresa começou em 2022, 80% do faturamento provém das bioimpressoras e equipamentos de eletrofiação, produzidas desde 2018 na oficina da 3DBS em São Paulo. A 3DBS também distribui no Brasil os chips e as bombas que fazem circular os nutrientes, fabricados desde 2019 pela empresa alemã Tissue- Use, da qual é representante no Brasil. ?Apostamos no crescimento do uso dos tecidos e dos chips em vista da necessidade de padronização dos testes de toxicidade e das outras aplicações possíveis, que começam a ser descortinadas?, observa o administrador de empresas Pedro Massaguer, diretor de estratégia e inovação.


Outras aplicações

No Senai Cimatec, em Salvador, na Bahia, a engenheira de materiais Josiane Barbosa utiliza uma bioimpressora da 3DBS para testar diferentes formulações de carnes produzidas a partir de células bovinas ou de proteína vegetal. ?A bioimpressão facilita o processo de reprodução de produtos com as dimensões e a geometria necessárias. Também ajuda na adesão das células, devido à deposição em camadas, algo mais difícil de fazer com técnicas manuais?, observa.

No começo de outubro, a Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, de Brasília, transformou ingredientes vegetais, como farinha de soja, feijões-fava e grão-de-bico, em análogos de filés de peixe. Se for bem-sucedida, essa pesquisa poderá resultar em novos alimentos, voltados principalmente para os mercados vegetariano e vegano.

Há outros avanços nessa área. Em um estudo publicado em outubro na Science Advances, pesquisadores brasileiros e norte-americanos relataram o desenvolvimento de tecidos de pele com estruturas semelhantes a folículos capilares por meio da bioimpressão. Se avançar, essa técnica poderá fornecer células capazes de ajudar no tratamento de ferimentos ou em enxertos, já que são as células da base dos folículos que iniciam a cicatrização.

Projeto
1.
Validação de equivalente de pele humana bioimpressa 3DBSkin full-thickness bioprinted model (no 21/06621-3); Modalidade Programa Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas (Pipe); Pesquisadora responsável Gabriela Gomes Cardoso Gastaldi (3DBS); Investimento R$ 453.435,08.
2. Desenvolvimento de scaffolds bioativos incorporados com óleos vegetais para regeneração de tecido cutâneo a partir da tecnologia de eletrofiação (no 12/09110-0); Modalidade Bolsa de Doutorado; Pesquisador responsável Edison Bittencourt (Unicamp); Bolsista Ana Luiza Garcia Massaguer Millás; Investimento R$ 135.828,23.

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